Tarcísio de Freitas condena ações de PMs — Foto: Reprodução
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira (3), em uma rede social, que o policial militar que "atira pelas costas" ou "chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte" não está à altura de usar farda.
Ele se referia à ação do policial militar que executou um jovem negro pelas costas em frente a um mercado e à do agente que jogou um homem do alto de uma ponte.
O governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite — Foto: Rogério Cassimiro/Secom/GESP
Mais cedo, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite também havia criticado os episódios.
"Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição", escreveu no X.
Derrite também publicou um vídeo informando que determinou o afastamento imediato dos PMs envolvidos no caso do homem arremessado no rio. A partir desta terça, eles vão cumprir expediente administrativo na Corregedoria da Polícia Militar até o fim das investigações.
As mortes cometidas por policiais militares no estado de São Paulo na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) aumentaram 46% até 17 de novembro deste ano, se comparado a 2023, segundo dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público.
É o segundo ano consecutivo de aumento de mortes praticadas por PMs. Tanto neste ano quanto no ano passado, a Polícia Militar realizou operações na Baixada Santista consideradas as mais letais desde o massacre do Carandiru, com 56 mortos, em 2024, e 28, em 2023.
Jovem executado
Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, foi executado a tiros pelas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto em frente ao mercado Oxxo, no bairro Jardim Prudência, na Zona Sul de São Paulo, em 3 de novembro. O jovem é acusado de furtar quatro pacotes de sabão.
Câmeras de segurança do estabelecimento registraram toda a ação. Pelas imagens, obtidas pelo g1, Gabriel vestia um moletom vermelho com capuz, quando entrou no mercado às 22h44. Em seguida, ele andou até a seção de limpeza, onde pegou quatro produtos. Na fuga, ele escorregou num pedaço de papelão na porta do estabelecimento e caiu no chão do estacionamento.
O policial estava no caixa pagando pelas compras, quando percebeu a ação. Vinicius sacou a arma e atirou diversas vezes pelas costas de Gabriel, que tentava fugir. O jovem morreu no chão do estacionamento. Segundo o boletim de ocorrência, foram encontradas 11 perfurações pelo corpo dele.
No depoimento na delegacia, o PM disse que Gabriel estava armado e com a mão no bolso do moletom, razão pela qual ele atirou. Vinicius alegou que agiu em legítima defesa. Entretanto, não é o que as imagens mostram.
"Está comprovado que a gente estava certo e ele mentiu em depoimento, porque ele diz que apresentou voz de prisão. Porém, quando ele [Gabriel] escorrega, ele já saiu atirando [...] Ele é um assassino", afirma a advogada da família Fatima Taddeo.
Vinicius foi afastado de suas funções, informou a Secretaria da Segurança Pública. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "As imagens mencionadas foram captadas, juntadas aos autos e estão sendo analisadas para auxiliar na apuração dos fatos", disse a pasta em nota.
Homem jogado no rio
Um policial militar jogou um homem do alto de uma ponte na Zona Sul em São Paulo na madrugada desta segunda-feira (2). Um vídeo flagrou o momento. Pelo menos quatro agentes participaram da ação.
Pelas imagens, é possível ver um policial levantando uma moto que está no chão. Um segundo e um terceiro policial se aproximam. Depois, o primeiro PM encosta a moto perto da ponte. Um quarto policial chega segurando o homem pela camiseta azul, que seria o motociclista abordado. Ele se aproxima da beirada da ponte e joga o homem no rio.
De a acordo com informações da Polícia Militar, os agentes seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo, e teriam perseguido a moto até a Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar. O agente que arremessou o homem é da Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam).
O ouvidor das polícias, Cláudio Silva, afirmou à TV Globo que vai pedir o afastamento imediato dos oficiais envolvidos no caso. "Tanto do policial que pratica o ato quanto dos outros, que estavam ali e de certa forma não atuaram para que aquilo não ocorresse, ou não informaram as autoridades que aquele policial tinha feito aquele ato."