BC define hoje 1ª taxa de juros sob direção de Galípolo: veja o que o mercado espera do Copom
Previsão é que, com ameaça inflacionária, a taxa básica de juros deve voltar ao mesmo patamar de agosto de 2023
Publicada em 29/01/25 às 07:49h - 11 visualizações
por FM Cidadania
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(Foto: FM Cidadania)
Por Thaís Barcellos — Brasília
29/01/2025 00h00 Atualizado agora
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Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central — Foto: Cristiano Mariz
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Escolhido para a liderança do Banco Central pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gabriel Galípolo dará a largada no comando do Comitê de Política Monetária (Copom) com a expectativa de um movimento que costuma ser alvo de críticas do petista: uma nova alta da taxa Selic.
Nesta quarta-feira, o BC deve elevar novamente os juros básicos da economia brasileira em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, o maior nível desde agosto de 2023. Essa decisão é esperada por todas as 120 instituições financeiras consultadas pelo Valor Pro.
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Apesar do desconforto de Lula com os juros altos, o movimento, se confirmado, será a primeira parte do plano traçado pelo BC em dezembro, para debelar um cenário de inflação mais adverso, o que está no topo das preocupações do governo atualmente, vide as medidas para reduzir os preços de alimentos.
A estratégia ainda inclui um novo aumento de 1 ponto percentual em março, quando a Selic chegaria a 14,25%, retomando o patamar da crise do governo de Dilma Rousseff (2015-2016).
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"Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões", disse o BC em dezembro.
Mas o que o mercado espera?
A expectativa no mercado financeiro é de que o Copom mantenha essa sinalização nesta quarta, mas que não termine o trabalho em março.
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Isso porque, mesmo com o choque de juros, as expectativas de inflação continuam em forte trajetória de alta em meio à desconfiança com a política fiscal. Desde o Copom de dezembro, a projeção para o IPCA de 2025 no Boletim Focus saltou de 4,59% para 5,50%, já um ponto acima do teto da meta de inflação. O alvo é de 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. As expectativas também subiram para 2026, 2027 e 2028, todas longe de 3,0%.
Além da piora das expectativas, o Copom vai se deparar nesta quarta com uma cotação do dólar mais alta do que em dezembro, mesmo com a queda da moeda americana abaixo de R$ 6 nos últimos dias.
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A economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, espera que a projeção oficial do BC para a inflação aumente no horizonte em que o Copom atualmente trabalha para alcançar a meta. Nas contas da economista, a projeção deve subir para algo entre 4,2% e 4,3% no terceiro trimestre de 2026. Em dezembro, o BC mirava o segundo trimestre do ano que vem e projetava 4,0% de IPCA no período.
Nesse contexto, Natalie Victal avalia que o BC, além de entregar o aumento da Selic a 13,25% e reforçar nova alta de 1pp em março, deveria indicar que a taxa continuará subindo após o primeiro trimestre.
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Para ela, o distanciamento das expectativas de inflação em prazos longos sinaliza a desconfiança vai além da política fiscal e também coloca em dúvida o comprometimento do BC com a meta de inflação. Por isso, o BC deveria enviar uma mensagem dura no comunicado.
— Seria oportuno sinalizar que a Selic a 14,25% não é o ponto de chegada dada a intensidade alarmante deterioração de expectativas. O BC tem a oportunidade de soar um pouco mais duro e se comprometer com uma alta, mas ficar na dependência do ritmo.
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O ritmo, segundo ela, dependeria da evolução dos dados de atividade e inflação, assim como dos desenvolvimentos do cenário externo, especialmente dos efeitos do governo de Donald Trump nos Estados Unidos. Para ela, a Selic deve subir até 15%.
Grito de alerta fiscal
A economista ainda avalia que o BC terá de atualizar o alerta sobre a política fiscal, que, em dezembro, ficou muito focado no anúncio do pacote fiscal, mal recebido pelo mercado financeiro. A expectativa é que o Copom retome a comunicação anterior, em que indica que é importante a persecução das metas fiscais e que o canal de transmissão para a política monetária é a reação dos agentes à condução das contas públicas.
Decisão deve ser unânime, diz banco
Em relatório, o Itaú Unibanco afirmou que espera que a elevação da Selic de 12,25% para 13,25% nesta quarta seja uma decisão unânime de Galípolo e dos oito diretores do BC. O banco ressalta que o Copom se deparou desde dezembro com novas rodadas de piora das expectativas de inflação, uma taxa de câmbio que segue pressionada e uma composição mais desafiadora para a inflação corrente, já com as primeiras indicações de impacto do dólar, além de pressão em preços de serviços.
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Esse conjunto de fatores apontaria para uma sinalização de aumentos de 1pp para as reuniões de março e maio, segundo o Itaú, mas o banco pondera que os efeitos dos juros sobre a atividade econômica devem ser vistos com mais força a partir do segundo trimestre.
"Diante de tal risco, em meio a elevado grau de incerteza, avaliamos que a reação mais provável da autoridade monetária seja não indicar a magnitude dos movimentos para reuniões além da próxima (março)", disse, no relatório.
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O Comitê de Política Monetária Americano (Fomc, na sigla em inglês) decide nesta quarta-feira a nova taxa de juros da maior economia do mundo. Será a primeira vez que o colegiado se reunirá com o republicano Donald Trump no poder. O republicano já assumiu criticando o Fed e pedindo juro baixo.
O mercado financeiro já projeta, majoritariamente, que a autoridade monetária mantenha o juro no atual patamar, numa banda entre 4,25% e 4,5%.
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Enquanto isso, no Brasil, o dia hoje ganha o apelido de Super Quarta, já que coincide também com o fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), composto pelos diretores do Banco Central (BC). Além de primeira decisão do ano será a primeira reunião do colegiado sob a liderança de Gabriel Galípolo, novo presidente do BC.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
A autoridade monetária brasileira deve elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 12,25% para 13,25% ao ano, na previsão dos analistas de mercado. Afinal há pressões inflacionárias no horizonte, dólar alto e dúvidas fiscais persistem e o próprio BC já havia sinalizado que manteria o ritmo de alta da última reunião, em dezembro.
Nos EUA, Powell sob pressão
Os investidores estarão atentos, principalmente, ao comunicado e à coletiva de imprensa que Jerome Powell, presidente do Fed, dará meia hora após a divulgação da decisão. Isso porque, na reunião anterior, o BC americano indicou que a diretoria estaria inclinada a realizar apenas mais dois cortes em 2025. Só que, com Trump no poder, o cenário pode mudar.
Para analistas, os dados mais recentes da atividade econômica do país indicam que os dados ainda seguem aquecidos: “Com a inflação acima da meta, a estabilização dos dados do mercado de trabalho dá ao Fed a tranquilidade de manter as taxas inalteradas até que haja maior clareza sobre a (atuação da) política”, diz o Bank of America em relatório.
Um Trump “menos disruptivo”, na visão do Citi, deve levar a uma reunião “neutra” do Comitê nesta quarta, diz o banco americano, que também vê a inflação em desaceleração induzindo uma postura mais dovish (mais branda, no jargão).
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Apesar do tom mais brando que o beligerante adotado na campanha, Trump já demonstrou que dará sua opinião sobre o patamar do juro. Na última quinta-feira, no Salão Oval, o republicano afirmou que “conhece as taxas muito melhor do que eles”, se referindo ao colegiado do Fomc.
Na sua participação no Forum Econômico Mundial, em Davos, Trump também pediu “uma redução imediata nas taxas de juros”, apontando uma eventual mudança como uma ajuda que poderia aliviar os preços dos produtos aos americanos e fortalecer a economia do país.
Presidente do Fed, o banco central americano, Jerome Powell afirmou que espera boas relações com o governo Trump, que já assumiu pressionando por juro mais baixo — Foto: Bloomberg
Presidente do Fed, o banco central americano, Jerome Powell afirmou que espera boas relações com o governo Trump, que já assumiu pressionando por juro mais baixo — Foto: Bloomberg
Na visão de Andressa Durão, economista da financeira Asa, o Comitê opera em compasso de espera pela política econômica do republicano para decidir os rumos do juro básico por lá:
— Não sabemos quanto de tarifas (sobre importados) ele (Trump) vai aplicar e, depois que aplicar, tem tempo até entender o que vai “bater” na inflação. Só depois é que o Fed age para conter essa inflação. Então nesse momento o Fed deve esperar as medidas antes de reagir — afirma ela, que vê uma estabilidade no juro americano no atual patamar até junho.
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Segundo ela, membros do comitê já colocam nas suas decisões possíveis efeitos da decisão de Trump, que pode impactar a economia local, induzindo um aumento de preços.
Para Andressa, o republicano deve voltar a repetir os ataques ao Fed, como fez em seu primeiro mandato, mas que a instituição seguirá seu compromisso com o chamado duplo mandato:
— Está muito claro que as instituições nos EUA são sérias e independentes. Vimos no último governo Trump críticas às decisões do Fed, ataques, e esperamos que isso continue acontecendo — ela diz, afirmando que a autoridade monetária não deve se curvar aos desejos do novo mandatário.
Por que tarifas impactam?
Durante a campanha, Trump prometeu estabelecer tarifas a produtos importados em taxas altas aos produtos advindos da China, México e Canadá. As tarifas podem causar inflação porque aumentam os custos dos bens importados, fazendo os americanos pagar mais pelos mesmos itens.
As políticas anti-imigratórias do republicano também tendem a encarecer o custo da mão de obra no país, contribuindo como fator de pressão para o aumento do nível dos preços.
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Como remédio para conter a inflação, o Fed utiliza a taxa básica de juros para conter um aumento indesejado dos preços em toda a economia, sempre também de olho no índice de desemprego. Só que, para além do controle dos indicadores internos, a taxa de juros americana tem efeito global.
Quando o juro no país está mais alto, investidores de todo o mundo migram seu capital para os Estados Unidos. Os títulos do Tesouro americano são considerados os investimentos mais seguros do mundo. Com juro alto, o papel fica muito mais atraente, drenando recursos dos mercados de ações e de países emergentes e fortalecendo o dólar.
Com isso, países emergentes, como o Brasil, tendem a sofrer com o nível alto do juro americano. E, com mais dólares “retidos” nos investimentos americanos, o preço da moeda aumenta na comparação com outras divisas.
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